A inteligência Artificial (IA) definitivamente aportou e revolucionou a Gestão de Terceiros, no que se refere a análise de documentos, trabalhistas, previdenciários, e de saúde e segurança.

A gestão de risco da terceirização, também denominada Gestão de Terceiros, é uma prática já consolidada no mercado, que consiste no monitoramento, por parte da empresa tomadora de serviços, do cumprimento das obrigações trabalhistas, previdenciárias e de saúde e segurança (SST) dos trabalhadores alocados para a prestação de serviços. Ou seja, por meio do recebimento e conferência de documentos, a empresa tomadora pode atuar preventivamente caso haja identificação de potencial passivo. E, gera ainda, resultados em relação à orientação dos prestadores de serviço e a garantia do recebimento, pelos trabalhadores, dos valores que lhe são devidos.

Mas é incrível avaliar a constante evolução histórica da forma de execução e do processo da gestão de terceiros. No início dos anos 2000, os documentos trabalhistas, previdenciários e de SST eram impressos em papel, disponibilizados aos tomadores e arquivados. Posteriormente passaram a ser entregues em disquetes, CDs, pen drives, e no auge da tecnologia da época, em imagem ou PDF por e-mail. Posteriormente, com o surgimento dos softwares de gestão de terceiros, houve um primeiro salto em relação ao processo de monitoramento documental com o fornecimento da documentação por meio digital em softwares específicos.

Porém, apesar da evolução ao longo dos anos em relação à forma de entrega da documentação, seus critérios de análise, sistemáticas adotadas, e divisão em mapas de risco, por exemplo, um ponto essencial praticamente não se alterou: a forma de análise documental por meio de pessoas. Ou seja, a necessidade de analistas realizando desde ações simples, como verificação e conferência de datas e dados de cada documento até atividades mais complexas, envolvendo cálculos trabalhistas.

Neste cenário, a gestão de terceiros passou a contar com a tecnologia de softwares de gestão, mas ainda muito dependente do trabalho de times de analistas de documentos. Este processo, com o passar do tempo, passou a contar com alguns processos automatizados, ou seja, uso de tecnologia para melhoria de processos visando auxiliar os analistas, mas necessitando de sua interferência de forma intensiva.

Mas a revolução, em gestão de terceiros, iniciou somente nos últimos anos, quando efetivamente se passou a contar com a automação.

Ou seja, por meio da automação, o software de gestão não somente melhora processos, mas tem capacidade de realizar a análise documental, reduzindo muito a necessidade de intervenção humana dos analistas. A partir da automação a gestão de terceiros passou a gerar ganhos em termos de redução de custo do processo e de tempo de análise de documentos.

Mas a evolução não terminou! Com velocidade acelerada, a automação na gestão de terceiros recebeu uma ferramenta incrível: a Inteligência Artificial (IA).

Com uma variedade de funções tecnologicamente avançadas com capacidade de entendimento, aprendizagem e resolução de problemas, efetivamente a análise documental se eleva para outro patamar. Desde a qualidade da análise, envolvendo documentos mais complexos e o cruzamento mais efetivo de dados e informações.

Com efeito, a IA a cada dia surpreende diante da possibilidade de melhoria de processo de análise documental, redimensionando a estrutura e o processo de gestão de terceiros, e mudando o perfil dos próprios analistas que passam efetivamente a navegar em atividades mais complexas e com visão de aperfeiçoamento e qualidade.

É claro, porém, que a automação não é panaceia para todos os desafios da gestão de risco da terceirização. Afinal, os desafios atuais da gestão de terceiros de sucesso, envolvem ainda uma série de outros fatores como, conhecimento efetivo dos riscos da organização, revisão constante de processos, contratos, caderno de documentos, políticas, treinamentos, dentre outros, de acordo com as particularidades de cada organização.

Entretanto, como pioneiro na gestão de terceiros, acompanho sua evolução desde o seu início e posso afirmar que a automação, com a utilização de inteligência artificial, é a mais significativa mudança nos processos de gestão de terceiros, desde que está prática de gestão surgiu. É um privilégio fazer parte desta história e, o mais importante: é um processo em constante aperfeiçoamento e muito ainda há por vir.

Adriano Dutra
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